A Palavra do Preto Velho Sobre Omolu e Obaluayê
Sentado em seu banquinho de madeira, com o cachimbo aceso soltando uma fumaça leve que dançava no ar, o Preto Velho ajeitou o chapéu de palha e olhou para os filhos da casa. Seus olhos, fundos e sábios, refletiam o tempo e o conhecimento de muitas vidas.
👴🏿— Saravá, meus fio! Hoje vô falá de dois cabra valente, dois Orixá que trazem mist
ério e cura, justiça e transformação: Omolu e Obaluayê.
Os médiuns se ajeitaram, atentos às palavras do ancião, que tomou fôlego e continuou:
👴🏿— Omolu e Obaluayê, meus fio, são dois nome pra uma mesma força. Mas o povo chama Omolu o senhor da passagem, o dono da terra e do fim da caminhada. Já Obaluayê é o moço, o renascimento, aquele que traz a cura. Eles são um só, mas se mostram diferente pros fio que precisa aprender.
O Preto Velho deu uma tragada no cachimbo e soltou a fumaça devagar, como quem desenha no tempo as verdades que precisa ensinar.
👴🏿— Ele anda coberto de palha, porque o mistério dele é grande, e os olho do mundo nem sempre tão pronto pra vê. Ele carrega a doença, mas também a cura. Ele ensina que a dor é um caminho, mas num precisa ser morada. Ele cuida de quem sofre, de quem tá esquecido, de quem ninguém mais quer olhá. É dono das almas que tão na beira da estrada, esperando um caminho pra seguir.
Os filhos da casa ouviram em silêncio, sentindo o peso das palavras. Um deles perguntou, respeitosamente:
👳🏽— Preto Velho, então Omolu é um Orixá de sofrimento?
O ancião sorriu de canto e fez um gesto com a mão, como quem afasta um pensamento errado.
👴🏿— Não, meu fio... Omolu num é sofrimento. Ele ensina que tudo tem seu tempo e que a dor é parte da vida, mas também mostra que depois da doença vem a cura, depois da noite vem o dia. Obaluayê é o renascimento, a esperança que nasce do que um dia pareceu perdido.
Ele bateu levemente o cachimbo na palma da mão, como quem sela um ensinamento.
👴🏿— Quando ocês vê um irmão sofrendo, doente ou perdido, lembra de Obaluayê. Ajoelha e pede a ele que traga o renascimento. Mas não esquece de Omolu, que ensina que toda ferida precisa ser respeitada antes de ser curada.
Os médiuns assentiram, refletindo sobre o ensinamento. O Preto Velho sorriu, satisfeito.
👴🏿 — Agora, vamo fazer uma oração por todos que precisam de cura, de alma e de corpo. Porque servir a Umbanda, meus fio, é aprender a amar e respeitar até mesmo a dor, sabendo que toda sombra um dia vê a luz.
E ali, naquele terreiro simples, entre a fumaça do cachimbo e as velas acesas, os filhos da casa compreenderam um pouco mais do grande mistério de Omolu e Obaluayê.
Deixe o seu ❤️
Nenhum comentário:
Postar um comentário