Tudo é lembrança de algo que não foi resolvido, curado ou sequer nomeado. E então, sem perceber, transformam a vida em um campo minado: tudo pode explodir, tudo pode machucar.
Buscam gatilhos em tudo e encontram.
Porque, muitas vezes, é mais fácil se apegar ao que dói do que encarar o que precisa ser feito com essa dor.
É mais confortável culpar o mundo do que olhar para dentro.
É mais seguro viver ferido do que correr o risco de se curar e perder a identidade construída em cima do sofrimento.
Mas o problema não está no mundo, nem nos outros. O problema é o que dentro de nós ainda sangra.
Gatilhos existem, sim. E são reais. São traumas não tratados, feridas abertas, capítulos que ficaram em suspensão. Mas também são convites: « aqui ainda dói, olha para isso ». O gatilho, por mais cruel que pareça, não é o inimigo é um sinal. Um chamado. Um espelho.
Viver buscando gatilhos é como cutucar uma ferida esperando que ela se cure. Não vai. Só inflama.
Chega uma hora em que é preciso fazer um pacto consigo mesmo: parar de tornar o mundo culpado pela dor que é sua.
Parar de transformar cada situação em uma confirmação de que nada muda.
Parar de usar os gatilhos como muleta para não evoluir.
E começar, com coragem, a se responsabilizar.
Porque a verdadeira cura não acontece quando o mundo para de te ferir, mas quando você para de se identificar tanto com a dor.
Quando você entende que sentir é humano, mas permanecer preso ao que machuca é uma escolha (mesmo que inconsciente).
A vida não foi feita para ser um eterno relembrar de traumas. Foi feita para ser vivida, mesmo com cicatrizes.
Se você vê gatilhos em tudo, talvez não seja o mundo que precise mudar. Talvez seja a hora de, finalmente, você se libertar do que ainda te mantém no chão.
Oyanitiatiiná
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